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1 de março de 2009

Cogumelos dos "deuses"



Se vocês ficaram surpresos com esse título, eu fiquei assustada quando soube que os alimentos divinos dos deuses gregos, ou seja, a ambrosia e o néctar eram simplesmente cogumelos entorpecentes.
É isso mesmo. Segundo o autor, Robert Graves, os deuses e os mortais não se entorpeciam exclusivamente com o vinho e a cerveja feita de hera - planta tóxica que traz graves problemas para a pele como, por exemplo, ulceração intensa. Em rituais bacânticos eles utilizavam tais bebidas para engolir uma droga muito mais forte: a Amanita muscaria, um cogumelo cru que produz alucinações, distúrbios irracionais, visões futuristas, excitações e graus elevados de força muscular.
Robert chegou a essa conclusão quando começou a revisar seu Grande Livro dos Mitos Gregos, em 1958, e percebeu que os centauros (meio homens e meio cavalos) veneravam o deus Dionísio ou Baco, cujo ritual era celebrado nos meses de outono e recebia o nome de ‘Ambrosia’.
Desconfiado, o autor foi em busca de mitos que reforçassem tal afirmação. Ele encontrou a história de Licurgo. A lenda conta que o herói, armado apenas de uma aguilhada, derrotou o exército inteiro de Dionísio ‘que acabara de voltar vitorioso da Índia’- na cabeça do autor essas aspas significam o ápice da sensação do cogumelo. Essa lenda comprovou a teoria de Robert, pois Licurgo aproveitou que o exército estava em absoluta inércia (efeito após o êxtase da droga) para dominá-lo.
A curiosidade das guloseimas ‘divinas’ não para por aí. Para o autor, além da ambrosia ser um cogumelo alucinógeno, o néctar também faz parte dessa receita desvairada. E, além disso, as inicias do néctar e da ambrosia formam a palavra grega ‘cogumelo’.
Robert confessou em seu livro que comeu um cogumelo alucinógeno, o psilócibe (Psilocybe mexicana). Esse cogumelo é uma ambrosia divina e de uso ancestral entre os índios mazatecas da província de Oaxaca, no sul do México.
Ele conta que ouvia as sacerdotisas invocarem Tlaloc, o deus cogumelo, e teve visões transcendentais. O autor diz ainda que o céu e o inferno podem ter sido derivados de mistérios semelhantes aos do êxtase de alguma droga.
A experiência de Robert não deixou dúvidas em sua teoria sobre a alimentação 'divina'. Quando o autor descreve o que sentiu comendo o cogumelo, ele relaciona o fenômeno com os admiradores de Dionísio. Como exemplo, ele destaca que o Tlaloc foi gerado por um raio, da mesma forma que Dionísio. Tlaloc envergava uma coroa em forma de serpente, da mesma maneira do deus Dionísio. O costume selvagem das mênades ou as bacantes, que eram o de arrancar a cabeça de
suas vítimas, também é citado por Robert. Essa mulheres se reuniam a cada dois anos e reverenciavam Dionísio por meio de possessão divina, em seus cortejos enlouquecidos nos altos das montanhas. O autor conta também que esse hábito talvez se refere alegoricamente à separação da cabeça sagrada do cogumelo e não de pessoas ou animais.


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