Andarilhos virtuais...
12 de outubro de 2008
Bruxaria
Medéia, deusa
das plantas medicinais,
rejuveneceu o pai
de Jasão com um
cálice da poção.
A feiticeira, em
noite de lua cheia,
busca os encantamentos
das estrelas forasteiras.
Elevando-se
em carros guiados
por serpentes voadoras,
Medéia viaja
em busca de plantas
rejuvenecedoras.
Seguidoras de Medéia,
as feiticeiras de
Macbeth montam
um caldeirão com
restos de peles,
orelhas e olhos
de largatos ferventes
para a poção.
Circe também
apoderou-se dessa arte.
Suas ervas mágicas
transformavam homens em
animais dóceis,
como pacas.
Jasão, chefe dos
Argonautas, abandona a
pobre bruxa.
Se apaixona por Créusa,
que é envenenada por
um presente da deusa.
Medéia mata
os próprios filhos
e como se não
bastasse o martírio
incendeia o palácio
dando fim ao regaço.
Larissa Araújo.
Embebida pela fonte de vários poetas como Ovídio, Homero, Ésquilo e Virgílio é impossível não deixar de expor inúmeras façanhas e vinganças que as mulheres dos heróis ou deuses são capazes de cometer quando são abandonadas ou traídas.
Ovídio em seu livro Cartas de amor recolheu diversas histórias mitológicas e deu vozes as mulheres que foram deixadas pelos seus maridos. O poeta apresenta as Heróides, que significa heroínas. As cartas fictícias, escritas em dísticos elegíacos, são de mulheres que amam perdidamente alguém ausente e não se conformam com o destino que tiveram.
No poema Bruxaria, de Larissa Araújo, é fácil perceber a vingança de Medéia com a filha do rei Creonte, Créusa. A bruxa dá um vestido de noiva envenenado para a futura esposa de Jasão. Isso porque Medéia não aceita ser repudiada pelo seu amado.
Além de ter ajudado o herói na conquista do tosão de ouro, ela vai embusca de ervas mágicas para rejuvenecer Esão, pai de Jasão. Antes de sua infidelidade, o herói se dava bem em todas suas aventuras graças aos encantamentos de Medéia. O poema mostra também outras feiticeiras como Circe (história revelada em edições anteriores) e as bruxas do livro de Shakespeare, Macbeth.
11 de outubro de 2008
TORMENTO
Encontrar a razão
em duas almas
apaixonadas
é como caminhar
no labirinto
cretense habitado
pelo temível
Minotauro.
Com um fio de lã,
Ariadne seria
a guia dos escuros
corredores da luz
vã.
Nada se pode fazer
quando os corpos
são paralisados
pelo veneno de Eros.
Imobilizados, os
corações inflam,
abrasam e queimam
afagados.
O novelo de linha
foi rompido
e as duas almas
continuam perdidas
no labirinto.
5 de outubro de 2008
OVIDIANA
Stradono - Penélope Tecendo
As lágrimas
revelam a dor.
Num tiro certeiro,
Eros atinge,
impiedosamente,
meu peito.
A flechada
fez-me sentir
como libélula
que, atraída
pela luz,
roda em torno
das chamas.
E só pode
confessar o
mais profundo
sentimento para
aquele que a
acendeu.
Inspirada em
Penélope,
busco inúmeros
artifícios para
fugir dos
pretendentes.
Em noites
solitárias,
ela cansava
as mãos de
viúva com
a mortalha
inacabada
de Laerte.
Eu, em dias
vazios, busco
o corpo das
palavras
incompletas.
Roubou-lhe
beijos
ludibriados
pelos lábios
invisíveis.
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