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10 de outubro de 2009

O encanto da imperfeição


Imagem: antigo tapete Persa

Será que a imperfeição é mesmo encantadora? Essa é uma pergunta que, para o vocabulário dos perfeccionistas, não existe. Isso porque, para eles, a verdadeira magia é buscar incessantemente o acerto e a perfeição. Quando essa meta não é atingida, a pessoa se sente frustrada. Entretanto, o que equilibra os indivíduos em situações de igualdade são as falhas.
A história da imperfeição recorda a lenda do tapete Persa. A elaboração desses tapetes é conhecida pelo seu acabamento artístico quase perfeito. Por volta de 539 a.C, os persas partiram em guerra para conquistar novas terras. Antes de irem para a batalha, o exército pediu proteção divina ao deus Zam, guardião daquele território.
Certa noite, uma mulher que confeccionava tapetes adormeceu e, durante o sono, ela teve visões. Em seus sonhos ela imaginou a vitória dos persas sobre os babilônios. Por meio dessa visão, a mulher reproduziu toda cena de glória do seu povo no tapete.
A peça era deslumbrante, cada detalhe revelava minuciosamente como os persas venceriam a luta. A confecção do tapete ficou tão perfeita que o deus Zam se enfureceu por acreditar que o povo não confiava mais em seu poder e exterminou grande parte do exército persa. O tapete precisou ser queimado em oferenda ao deus Zam, para que sua ira não permanecesse. A partir de então, todos os tapetes persas são confeccionados com uma pequena falha em seus quatro lados.
Deixo aqui minha opinião: o legal não é ser bom em tudo. Um dia você ajuda, outro dia você é ajudado. Um dia você ensina, outro dia você aprende com os próprios erros. É verdade que a maioria das pessoas busca sempre acertar. Não errar promove nosso reconhecimento e aceitação perante a sociedade. Ainda bem que contos de fadas não existem, pois, aqui no mundo real, qualquer pessoa está sujeita a tropeçar no próprio pé. É impossível que a roda da vida gire sempre do lado certo e tudo saia conforme o planejado. Obstáculos aparecem em nossos caminhos para serem superados, mas qualquer passo em falso é preciso recomeçar do zero. O encanto da imperfeição surge desde o dia em que nascemos, pois somos seres totalmente incompletos. Passamos a conhecer a vida através do aprendizado e esse processo é crônico e contínuo. Enfim, não admitir falhas e não errar é buscar o inatingível.


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