Andarilhos virtuais...

7 de dezembro de 2007

Céfalo e Prócris

Céfalo era um belo jovem, que acordava todos os dias bem cedo para fazer suas caminhadas. Ele era casado com Prócris e a amava muito. Só que Aurora apaixonou-se e resolveu raptá-lo, mas ele resistiu as propostas de Aurora. Então, ela devolvê-lo, dizendo:
- Vai, ingrato mortal, fica com tua esposa, a qual, se não me engano hás de lamentar ter conhecido.
Céfalo regressou feliz. Só que uma divindade irritara e mandara uma voraz raposa devastar a região. Nenhum caçador conseguia pegar a raposa. Finalmente procuraram Céfalo, que emprestou seu famoso cão, cujo o nome era Lelaps. Ambos eram velozes, o cão e a raposa pararam instantaneamente. Os deuses celestes, não queriam que nenhum saisse vitorioso.
Embora Céfalo ter perdido o cão continuou a deleitar-se com a caça. Continuou a sair pela madrugada e costumava a dizer em voz alta:
- Vem, brisa suave, vem afagar-me e leva o calor que me abrasa.
Então, alguém que estava passando ouviu ele dizer aquilo, por tolice, que ele estivesse falando com alguma mulher, foi correndo contar para Prócris. Ela desmaiou. Na madrugada seguinte, Prócris, foi conferir se aquilo era verdade. Ela escondeu onde a informante falara e ouviu Céfalo exclamando:
- Vem, brisa suave, vem afagar-me......
Céfalo continuava suas exclamações. Procris começou a chorar e a fazer ruídos. Supondo ser um animal selvagem, Céfalo, acertou o alvo com precisão. Correu pra o lugar e encontrou sua esposa ensanguentada. Ela entreabriu os olhos e conseguiu murmurar apenas essas palavras:
- Imploro-te, se algum dia me amaste, se algum dia mereci de ti benevolência, meu marido, que satisfaça minha última vontade: não te cases com essa odiosa Brisa!
Isto revelou todo mistério. Mas o que adiantaria....

Moore, entre suas "Baladas Legendárias", tem uma sobre Céfalo e Prócris, que assim começa:

Num campo, um caçador repousou, certo dia,
Para do sol se abrigar
E, deitado, implorava à brisa que fugia
O rosto lhe beijar.
E, enquanto assim pedia, a brisa descuidada
Fugia para além.
Chamava o caçador:"Ó brisa adorada!"
E Eco repetia:"Ó brisa adorada!"
"Brisa adorada, vem!"

Então, através dessa história, mergulhamos numa reflexão, ou seja, matar outras pessoas sem querer é um crime chamado "ERRO DE PESSOA".
Em uma pesquisa feita no site da central júridica, encontrei a seguinte explicação: "Erro acidental é o que não versa sobre os elementos ou circunstâncias do crime, incidindo sobre dados acidentais do delito ou sobre a conduta de sua execução; não impede o sujeito de compreender o caráter ilícito de seu comportamento; o erro acidental não exclui o dolo; são casos de erro acidental: o erro sobre o objeto; sobre pessoa; na execução; resultado diverso do pretendido (aberratio criminis)."
Isto é, o erro de pessoa, garante uma diminuição significativa da pena e desfaz a característica do dolo (a intenção de matar).



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