Sentadas no banco da praça de uma cidade do interior, três vizinhas aproveitam o finalzinho de domingo para fofocar. Todos ali se conhecem. Porém, as pessoas mais devassas, namoradeiras e cachaceiros são as figuras que mais têm "fama" na pequena cidade.
As línguas afiadas das vizinhas não perdoam ninguém, nem mesmo o coitado do padre. Logo após o padre Pedro ter cumprimentado as três fofoqueiras, a primeira mulher deu um tapinha na perna da outra e começou a comentar:
- Sabe o padre Pedro? Pois é, eu ouvi falar que ele anda freqüentando a casa da Rosalinda.
- Ah, minha nossa senhora isso não pode ser verdade – afirma a segunda vizinha indignada.
- É, eu também ouvi essa conversa – diz a terceira mulher – e ainda me disseram que ele vai na casa dela toda terça e sexta-feira.
- Minha virgem Maria, mãe de Jesus, eu não quero acreditar numa história dessas – diz a segunda fofoqueira.
Rosalinda era a mulher mais mal falada da cidadezinha. Depois que o marido a abandonou ela nunca mais foi a mesma. Todas as noites ela enche a cara e volta para casa sempre acompanhada, só que cada dia com um homem diferente.
As fofoqueiras caíram na risada. No entanto, a terceira mulher, considerada a mais bem informada de toda a redondeza, parou de gargalhar, respirou fundo e disse:
- Me contaram outras coisas sobre essa mulherzinha. Pelo que sei, o prefeito vai na casa dela toda segunda e quinta-feira. E fica lá horas e horas. Já na quarta e no sábado é a vez do borracheiro. Eu acho que no domingo nenhum homem vai visitá-la. Afinal, ela precisa descansar pelo menos uma vez na semana.
A segunda fofoqueira, que fingiu o tempo todo de desentendida, resolveu participar da fofoca:
- Eu não queria falar, mas é que minha língua está coçando...
- Fala! Fala! Fala! – gritaram a primeira e a terceira mulher.
- Tudo bem, tudo bem eu vou falar. É que a Rosalinda teve um filho esses dias – afirma a segunda vizinha.
- Vixe. E quem é o pai? – perguntou a primeira fofoqueira.
- Ninguém sabe. O pior é que fizeram o exame de DNA do padre, do prefeito e do borracheiro, mas nenhum deles são os pais. Porém, o menino se parece com cada um dos três homens.
A terceira vizinha caiu na gaitada e disse:
- Ah, eu sei quem é o pai. É o Tiquim.
- TIQUIM? – perguntou a primeira mulher.
- Sim. TIQUIM de um, TIQUIM de outro...
(Edição especial sobre "Crônicas do cotidiano")
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